quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um dia de Futebol

A pelo menos 2 meses estou num time de futebol denominado “Desportivo Real” disputando o caneco do campeonato Municipal de Futebol.

Depois da ultima partida da primeira fase, onde tive a felicidade de chegar ao topo da artilharia da competição, as coisas começaram a esquentar.

Nosso time composto de “kras” novos, (media de idade de nosso time é de 20 anos, eu com 21 sou o 4º mais velho da equipe) foi taxada como “zebra” ao se classificar em primeiro lugar no grupo, mesmo que o grupo B fosse o mais fraco de todos.

Anyway estávamos nas semifinais diante de uma das duas melhores equipes do campeonato, a chamada “laticínio”.
O tal falado, é um time composto de jogadores já famosos aqui na cidade, com históricos de conquistas nas edições anteriores, seu goleiro o menos vazado até então, sua dupla de zagueiros a mais eficiente do campeonato era de dar medo, um “branquelo” careca no estilo Neo Nazista, em tamanho, força e ódio, chamado de Luciano. O segundo tem o apelido de biba, mas disso ele não tem nada, um negão de 20 anos com uma perna da grossura do meu corpo inteiro.

No meio da semana, eu só ouvia os comentários de que essa dupla iria me desossar, porem nada me deixava com medo, eu tinha apenas a vontade de ganhar.

Chega o grande dia, Domingo 7:30hrs meu time reunido no vestiário, com aquela oração de protocolo, entramos em campo e vimos o time adversário, pensamos “FUDEU”.

Começa a partida, os times começam meio que em fase de conhecimento do adversário, sem atacar muito, jogando com tranqüilidade, o empate era de nosso favor, pela melhor campanha na primeira fase.
Na primeira jogada de ataque do nosso time, André pegou a bola na intermediaria, e fez um lançamento nas costas do zagueiro, me adiantei e vi a bola mais perto do goleiro do que de mim, mas o que me destaca diante dos outros atacantes é justamente a velocidade, e eu acredito em nela.
Mas dessa vez me dei mal, choquei com o goleiro, cai com a cabeça doendo, olhei pro lado ele tava sangrando, a partida parou por 2 min, mas depois voltou ao normal.

O time do “laticínio” começou a atacar mais, era questão de tempo até levarmos o gol, até que sofremos uma falta perto da lateral direita, que virou um cruzamento no primeiro pau, e felizmente nosso zagueiro o “japa” tava lá para fazer um lindo gol no estilo sem pulo de ZIDANE.
1x0 para nós, o empate era nosso, o time do laticínio manteve a calma e continuou jogando bola, que de fato, era muito mais bola que a nossa.
Aos 42 do segundo tempo, num escanteio, nossa zaga falhou deixou o atacante adversário subir sozinho que só teve o trabalho de por a cabeça na bola.
1x1 final de primeiro tempo, meu time começou a ficar nervoso, alguma reclamações no intervalo, então o técnico Edinho chegou a mim e disse “kra, vc é nossa referencia, a gente só precisa empatar, mas se vc fizer um gol, vai ficar bem perto nossa final”.
Foi então que a tranqüilidade tomou conta de mim, no segundo antes de entrarmos em campo eu desferi as seguintes palavras.
“Não se preocupem, dêem o melhor de vcs que eu garanto que farei um gol pra gente”

Parece que foram palavras mágicas, aos 3 min do segundo tempo, numa jogada aérea, subi com um zagueiro e o goleiro que se atrapalhou, a bola sobrou então pra mim, que não tive trabalho algum para empurrar para as redes e sair pro abraço.
2x1 para nós, o jogo começou a esquentar, já não tínhamos mais tanto fôlego pra correr, alguns de nos tinham câimbra, outros euforia.
Aos 16 do segundo tempo, em uma jogada bonita o atacante adversário “nico” empatou o placar o que nos deixou com bastante medo.
Aos 22 do segundo tempo o pesadelo começou a se tornar realidade, o Juiz marcou pênalti em uma jogada duvidosa.
O zagueiro Luciano, capitão da equipe foi pra cobrança, bateu confiante, mas o sopro de DEUS fez a bola subir a bater no travessão.
A partida volta a ficar eletrizante, começo ouvir a torcida gritar meu antigo apelido de escola “charuto, parte pra cima deles”, “charuto, chuta de fora da área”.
Já quase não tenho mais forças pra correr, nosso time joga a base de defesa e contra-ataque e tudo ficou mais difícil quando aos 29 perdemos nosso lateral expulso.
Então o pesadelo voltou a tona quando o Juiz mais uma vez marcou pênalti, dessa vez aos 37 do segundo tempo.
O meio campo camisa 10 da equipe deles bateu e converteu.
3x2, acabando o jogo, tínhamos um jogador a menos, não tínhamos força, não tínhamos energia, e as esperanças estavam se esgotando.
Reuni minhas ultimas forças quando peguei a bola pela esquerda, escutei a torcida me gritando (sempre torcem pelo time mais fraco) então fiz o que me pediram, parti pra cima, limpei o luciano, coloquei na frente adiantei, veio o biba, limpei de novo levei a pancada.
Biba expulso, falta perto da área, nosso meia “vitinho” isolou pra longe.
Pronto, minha esperanças estavam na ultima gota quando nosso zagueiro japa veio ser meu companheiro de ataque aos 40 do segundo tempo, e então numa jogada individual ele sofreu pênalti aos 42.
A esperança voltou a tomar conta de mim, então eu pensei.
Eu tenho que bater, esse é meu.
Fui la, peguei a bola e antes que alguém perguntasse se eu tava confiante eu disse.
“Deixa comigo, eu vou fazer”.
Confesso que minha barriga gelou e que o gol ficou pequeno no momento do pênalti.
Bati, converti comemorei alá Robinho com polegar na boca, em homenagem ao meu bebe que virá por volta de março.
3x3
O time jogara como coração os últimos minutos, a respiração já estava difícil o time começou a atacar, mandaram 3 bola no travessão, eu era o único kra no ataque.
Então numa bola rifada da zaga, senti uma explosão de adrenalina surgindo em mim, talvez foi isso que goku sentiu a primeira vez que se transformou em super sayajin, a bola veio alta e tava pro zagueiro tirar. Ele cabeceou para trás meio que de raspão, foi ai que mais uma vez a bola tava mais pro goleiro que pra mim.
Se a vida da gente tivesse trilha sonora, nessa hora seria carruagem de fogo para mim, me senti na velocidade de Usain Bolt, cheguei na bola a tempo de matar no peito e tirar o goleiro da jogada, coloquei no cantinho então voltaram minhas forças, minhas alegrias e minhas esperanças voltaram tudo e tudo de uma só vez, comemoramos no estilo batle royale, se batendo, espancando pq não tínhamos dor, só tínhamos adrenalina.
48 do segundo tempo, acabou a partida, cheguei aos 12 gols na competição e a grande final que será no próximo domingo, todo mundo me cumprimentou me senti como uma parte do ronaldo na copa de 2002.

Semana que vem, espero estar postando com mesmo entusiasmo de hoje, em relação ao jogo.

Nenhum comentário: